segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Misericórdia é AMOR

Nosso amigo Gilson escreveu um belo texto e nos presentiou postando aqui!
Neste ano sacerdotal, proclamado pelo papa Bento XVI no dia 19 de junho de 2009 (Solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus), toda a Igreja rezou e refletiu sobre a importância inestimável, ou melhor, necessária (querida por Deus) dos padres.
Creio que talvez o aspecto mais belo daqueles que têm por oficio a cura de almas seja o poder de perdoar os pecados (Jo 20,21-23). Penso que o tema do perdão, da misericórdia, que nos leva a pensar em recomeço, seja propício para um ano que se inicia...
Antes de qualquer exposição, gostaria de levar o leitor a entender o que proponho ao iniciar estas linhas. Mesmo não tendo como intenção uma aula doutrinária é necessário compreender o que é confessar-se com um sacerdote.
O Sacramento da Penitência, que é como se chama à confissão, é juntamente com a Unção dos Enfermos um sacramento de cura (segundo o CIC 1421), ou seja, há uma alma enferma que se coloca na presença do sacerdote (embaixador de Cristo) para derramar os seus erros e fracassos, a sua enfermidade. Mas não sem antes ter feito devidamente o exame de consciência, onde colocando-se na presença do Espírito Santo pôde enxergar com maior claridade o quanto negou a Deus e assim com maior veracidade pôde revelar o quanto pecou. “Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja que feriram pecando, e a qual colabora para sua conversão com caridade, exemplo e orações”.(Lúmen Gentium, 11)
O nosso Deus é Aquele que tudo perdoa, que escolhe os mais pequeninos e absolve os que aos olhos do mundo são os piores. Essa bondade divina só é imaginável quando falamos de amor, não há outra tradução para a imensa misericórdia de Deus, a não ser o seu imenso amor por cada um de nós. O perdão não acontece somente entre as faltas simples, as perdoáveis... Porque para Deus não existe falta imperdoável. Ele sabe quando não pode cobrar daquele que não tem mais nada. Essa lógica parece não ter lógica aos olhos do mundo, onde não é permitido dar para alguém que não pode retribuir.
Talvez em meio a tudo que devemos melhorar essa seja a missão mais difícil: “amai-vos uns aos outros” e sem dúvida nas entrelinhas podemos ler amai principalmente os que mais são difíceis de amar... Essa é a misericórdia que Deus aplica em nós e nos pede para termos com os irmãos... Porque esse amor, que é perene, que não é efêmero como uma paixão, esse sim é misericórdia, esse sim pode transformar as pessoas, a comunidade, o mundo, mas começa do meu perdão, da minha compaixão que como um vírus bem nutrido pelo Santo Espírito de Deus contagia a todos.
Dessa reflexão podemos tirar duas conclusões: a primeira de que nem tudo que nos é apresentado como amor é amor, não resiste a uma falta do outro? Não sabe perdoar? Será que é amor?... A segunda conclusão é a de que não só o padre deve perdoar, é claro que ele é o canal do perdão sacramental, mas também nós filhos de Deus devemos perdoar, porque será prova que o amor que temos a Nosso Senhor transborda em nossa vida. Não esperamos que isso seja fácil, como foi fácil escrever, mas deve ser almejado, deve ser uma luta. Lutar é justamente a vida de um cristão, lutar e sofrer, sofrer e amar, “sofrer sem nunca deixar de amar”.

Gilson Alves
São Paulo, 10 de janeiro de 2010
Batismo do Senhor

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